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“Meu sonho é ser tenista profissional e viver disso”

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DESENVOLVIMENTO INTEGRAL

A trajetória do brasiliense Paulo André até os melhores do Brasil começou no Programa Forças no Esporte. Hoje, ele está entre os 10 melhores no ranking até 18 anos

Publicado em 06/09/2017 14h09


Foto: Rafael Zart/MDS

Brasília – O sol escaldante de Brasília marca no rosto de Paulo André Saraiva o esforço para acertar o saque perfeito. O jovem de 17 anos treina o mesmo movimento uma centena de vezes por dia. O empenho tem um objetivo certo. “Meu sonho é ser tenista profissional e viver disso”.

O sonho está bem próximo. Paulo André está em 10º no ranking brasileiro na categoria até 18 anos e, até o ano passado, era o primeiro na categoria até 16 anos. Esse caminho até os melhores do Brasil começou no Forças no Esporte. O programa é desenvolvido pelo Ministério da Defesa com o apoio das Forças Armadas e em parceria com os ministérios do Desenvolvimento Social (MDS) e do Esporte. Eles têm acesso a esportes e uma alimentação adequada no turno contrário ao da escola.

Os alimentos são comprados, exclusivamente da agricultura familiar, com recursos do MDS. Nos próximos 18 meses, serão investidos R$ 33 milhões nesta ação. A aquisição dos produtos é feita pela modalidade Compra Institucional do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).

Segundo o secretário-executivo da pasta, Alberto Beltrame, o investimento é uma forma de garantir uma alimentação saudável para os jovens, incentivando a participação deles no programa, mas também é um importante estímulo para os agricultores familiares. Ele destaca ainda que o programa será ampliado e terá uma função estratégica, inclusive no enfrentamento à violência.

“Esses recursos representam um incentivo à agricultura familiar. Por outro lado, provê uma alimentação saudável para esses jovens no período em que eles estão desenvolvendo suas atividades esportivas. É um programa de sucesso que queremos, inclusive, aprofundar e ampliar em todo o país, mas especialmente no Rio de Janeiro, ajudando a retirar os jovens da influência do tráfico, da situação de maior vulnerabilidade”.

Talento – Paulo André ia para o Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília para ter uma atividade enquanto a mãe trabalhava. Na época, era o futebol que ocupava as tardes de brincadeiras nos campos da Marinha. “Os meus amigos, que já saíram do projeto, me chamaram para fazer tênis. Na primeira aula, já gostei. O professor dizia que eu levava um jeitinho pra jogar. Nunca tinha jogado antes, nem de brincadeira”, lembra.

Para ser um atleta profissional, a alimentação foi essencial para o desenvolvimento do jovem. Por vezes, era no Forças no Esporte que o tenista encontrava o sustento para os treinos. “Algumas crianças não têm condições de ter uma boa alimentação se não fosse o projeto. Isso ajudou no meu desenvolvimento. Tudo era bem organizado e eu fazia as refeições certas”.

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Enquanto todos os meninos da sua idade queriam ser jogadores de futebol, Paulo André queria a bolinha verde e a raquete. Convencer a mãe, Jandilma Saraiva, 39 anos, não foi fácil. Ela ainda ri quando se lembra do dia em que o filho contou que queria ser tenista. “Eu disse que tênis era esporte de rico, mas ele me disse: ‘mãe, rico joga por esporte e eu vou jogar para ser alguém na vida’. Foi assim que a gente começou uma batalha, muitas vezes eu não ia trabalhar para dar o dinheiro para ele treinar ou comer alguma coisa”, conta.

Paulo André mora com a mãe e a irmã Pamella, 12 anos, em uma casa alugada no Itapuã, região administrativa do Distrito Federal. Jandilma é empregada doméstica. O benefício no valor de R$ 170 do Bolsa Família complementa a renda. Os professores, muitas vezes, ajudavam nas despesas da família. “Eu tinha um treinador que ajudou muito. Ele me trazia lanches e ajudava a minha mãe para colocar mais dinheiro em casa”, relembra o jovem.

Sobre o Forças no Esporte, Jandilma é só elogios. Pamella, a filha mais nova, teve aulas de flauta na Marinha. A dona de casa reconhece o apoio que o programa ofereceu quando seus filhos mais precisaram. “O projeto é maravilhoso. Ele consegue tirar muitos meninos da rua. Quando eles vão para o projeto é uma forma de terem a alimentação certinha.”

Ao falar sobre o reconhecimento do filho nas quadras de saibro, Jandilma abre logo um sorriso. “Eu sou muito suspeita para falar do Paulo. É um filho muito responsável. Tenho certeza que ele vai conseguir tudo o que quer. O tênis está abrindo muitas portas.”

Atualmente, os treinos tomam grande parte do tempo de Paulo André. A dedicação é extrema: são sete horas por dia, de segunda a sexta-feira. Nos sábados, os treinos são mais leves – apenas duas horas. A carga horária fez com que o tenista começasse a cursar o ensino médio à noite. Mas ele é persistente. “É duro sair do treino e ir estudar. Mas se tem que fazer isso para jogar, vou fazer”, afirma.

Saiba mais

O Programa Forças no Esporte é uma iniciativa focada no desenvolvimento integral de crianças e jovens – entre 6 e 18 anos – em situação de vulnerabilidade social e regularmente matriculados na rede de ensino.
No turno contrário da escola, eles praticam diversos esportes, como tênis, corrida, lutas e atletismo em 164 unidades militares de todo o Brasil. As ações mantêm a garotada longe dos perigos das ruas e possibilitam a descoberta de talentos.

Além das práticas esportivas, os jovens têm atendimento médico, reforço escolar e orientações sobre civismo, cidadania e desenvolvimento das habilidades profissionais. Também participam de palestras e campanhas educativas.

Informações sobre os programas do MDS:
0800 707 2003

Informações para a imprensa:
Ascom/MDS
(61) 2030-1505
www.mds.gov.br/area-de-imprensa